Para todos aqueles que optaram por não mais comer animais e deixaram de ser co responsáveis por toda uma cadeia de dor e sofrimento a seres sencientes e com direito à vida (inerente a todas às espécies) e que apenas tiveram o azar de vir ao mundo num formato diferente dos animais humanos, eis que surge uma grande notícia que deveria interessar a todos, vegetarianos e não vegetarianos: O Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª região – CRN-3 (que orienta e fiscaliza a profissão dos nutricionistas nos estados de Mato Grosso e São Paulo) emitiu um parecer absolvendo a dieta vegetariana, ou seja, admitindo a sua viabilidade enquanto opção alimentar. Somente agora aqui no Brasil foi admitido aquilo que há muitos anos em outros países já havia sido pesquisado e difundido. E esse grande feito tem o mérito de profissionais como o Dr. Eric Slywitch, médico nutrólogo, coordenador do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira – SVB.
O CRN-3 coloca que a natureza biológica do ser humano lhe possibilita escolher aquilo que deseja comer, sendo que muitas são as razões para se adotar a dieta vegetariana (científicas, ambientais, religiosas, filosóficas e éticas), desde que seja bem planejada. Aliás, qualquer dieta, seja vegetariana ou onívora deverá ser bem planejada para que possa atingir o equilíbrio e a adequação nutricional. Pelo que demonstram as estatísticas em relação ao limitado número de vegetarianos em oposição à grande maioria da população não vegetariana e pelo que se evidencia nas filas dos postos de saúde, das internações hospitalares, da dependência dos remédios e sustentação bilionária da indústria farmacêutica, e outras mazelas relativas à saúde, com certeza, nesse contexto se situam, principalmente, os apreciadores das dietas convencionais. Numa situação hipotética em que, por exemplo, 100 indivíduos estiverem com deficiência de ferro ou em condição anêmica e se apenas um entre estes for vegetariano, logo o mesmo receberá um destaque negativo e sofrerá uma “condenação óbvia” por sua escolha alimentar. E os outros 99 indivíduos comedores de carne, qual o destaque e o juízo a lhes ser atribuído? Daí não é por falta de carne! E pensar que cerca de 1/3 da população mundial, mesmo sendo em sua maioria comedora de carne, sofre de deficiência de ferro. E aí, o que dizem os “entendidos”?
O ferro é apenas um exemplo, mas temos outros dogmas alimentares relacionados ao consumo ou ao não consumo de carne ou derivados de produtos de origem animal. A obtenção de cálcio através do leite de vaca é outro exemplo interessante e temos a impressão que muitos profissionais da área médica e nutricional, omitem ou ignoram as demais fontes (vegetais) desse elemento. Preconizam o hábito do eterno filhote mamão de vaca (humanos são os únicos mamíferos que tomam leite até morrerem de velhos) pela importância do cálcio a fim de garantir uma boa sustentação óssea e evitar a osteoporose, etc. Lá pelas tantas nada disso adiantou, e numa determinada fase da vida, em função da perda óssea, o sujeito vai ser “obrigado” a comer pó de ostra, muito impulsionado pela publicidade midiática e referendado pelos “entendidos” da nutrição e da medicina. Na realidade, assim como há um excessivo consumo de proteína (outro dogma utilizado contra os vegetarianos), o mesmo ocorre com o cálcio, que para ser eliminado do organismo, é retirado da parte onde mais está concentrado, ou seja, dos ossos! Bem, não é a toa que os maiores índices de osteoporose no mundo se encontram justamente nas populações onde mais se consomem laticínios. Sim, o leite tem cálcio, mas não é a única fonte, pois existem as fontes vegetais. Além disso, ele carrega uma série de outros inconvenientes que poderão trazer prejuízo e males para a saúde do indivíduo, tal como o câncer de mama (ver aqui), da próstata, do cólon, alergias, etc. Mas é claro que é a indústria do leite não vai te dizer isso, obviamente, pois as vaquinhas felizes das embalagens e da publicidade só podem te oferecer coisas boas!
Bem, voltando ao CNR-3, o mesmo ainda em seu parecer, preconiza que o vegetarianismo pode ser adotado em qualquer ciclo de vida, desde que atenda as necessidades nutricionais individuais e nesse sentido entra novamente a questão do planejamento da dieta, com atenção para o cálcio, ferro, zinco, ômega 3, proteína e B12. E fora a questão dietética em si, o parecer recomenda que cabe ao nutricionista orientar o planejamento alimentar, visando a promoção da saúde, com respeito às individualidades e opções pessoais quanto ao tipo de dieta. A partir de agora, como afirma o Dr. George Guimarães, nutricionista especializado em dietas vegetarianas e historicamente perseguido pelos colegas de classe (ver http://www.nutriveg.com.br/dieta-absolvida-conselho-regional-de-nutricionistas-publica-parecer-sobre-dietas-vegetarianas.html) o papel do nutricionista é orientar e não julgar a opção do indivíduo, desencorajando-o a aderir à mesma, ainda que viável do ponto de vista nutricional, só porque contraria as crenças filosóficas daquele profissional ou porque lhe falta o conhecimento necessário. Aí cabem as faculdades de nutrição romper com certos dogmas e paradigmas enraizados na estrutura de ensino, para, no mínimo, não formar profissionais desqualificados e preconceituosos. E a medicina também precisa ser reciclada nesse aspecto, pois a grande maioria dos médicos (salvo raras exceções) faz um verdadeiro terrorismo psicológico em pacientes que manifestam a sua condição vegetariana. A adoção mal planejada de qualquer dieta é que deve ser atacada, independente se é vegetariana ou não.
Antes de tudo quero deixar bem claro que as pessoas que adotam o vegetarianismo, também estão sujeitas ao acometimento de determinadas doenças, pois ninguém vive numa redoma ou bolha de plástico que as impeça de sofrer as conseqüências do contexto ambiental desfavorável, do stress, da hereditariedade, etc. Ainda assim, imaginem o quanto os governos poupariam em recursos públicos na saúde (!?) e na melhoria do estilo de vida das pessoas caso o vegetarianismo fosse adotado em larga escala, com 30% a menos de doenças cardíacas, 50% a menos de diabetes e 40% a menos de alguns tipos de câncer (ver American Dietec Association – ADA). Isso sem falar na redução dos impactos ambientais, tais como os gases estufa, o desmatamento, o desperdício e a contaminação da água, a perda da biodiversidade, a redução da fome, etc. Sem falar na generosidade e no respeito à vida de seres transformados em escravos e mercadorias por conta do nosso egoísmo e comodismo, fruto de uma cultura e tradição prá lá de primitiva.
Fonte: ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
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