Um dos principais temas do encontro – que reúne autoridades, ativistas e especialistas de todo o mundo – é o debate sobre preços dos alimentos e preservação do meio ambiente.
Expositores mostram suas produções sustentáveis
Bolo de curry da Tailândia, carne de urso com cogumelos dos Cárpatos, aguardente "Elkschnaps" da Suécia e hambúrguer de crocodilo da Austrália – estas são apenas algumas das mais de 100 mil iguarias que podem ser encontrados nas 26 salas de exposição da Semana Verde Internacional, que começa nesta sexta-feira (20/01), em Berlim. Mais uma vez este ano a feira coleciona superlativos: 1.600 expositores de 59 países devem atrair para a feira mais de 400 mil visitantes até o dia 29 de janeiro.
Mas a Semana Verde não é apenas uma grande vitrine da indústria alimentícia. Nos salões acontecem conferências e seminários, nos quais são discutidas políticas agrárias globais e medidas de proteção ao consumidor. Neste sábado, ministros da Agricultura de 70 países reúnem-se para discutir questões como segurança alimentar e produção sustentável.
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que até 2050 a produção mundial de alimentos terá que crescer 70% em comparação a 2009. No encontro em Berlim os ministros planejam discutir a produção suficiente de alimentos para todos.
Alimentos baratos x bem estar dos animais
Recentes debates sobre o uso de antibióticos em granjas industriais acabaram colocando o evento em Berlim no centro da atenções. Para a ministra alemã da Agricultura, Ilse Aigner, agricultura e indústria de alimentos só podem caminhar juntas se o princípio da sustentabilidade estiver amarrado em vários aspectos.
Aigner defende novas formas de pensar a agropecuária
Precisamos de uma linha econômica que seja ecologicamente sustentável, viável financeiramente, com responsabilidade social e que resguarde os recursos naturais, como base para as futuras gerações", defende a ministra.
Durante a abertura da Semana Verde, nesta sexta-feira, os estados alemães da Renânia do Norte-Vestfália e da Renânia-Palatinado anunciaram a adoção de medidas mais duras com criadouros de animais.
"As grandes fazendas de engorda são ruins para o meio ambiente. Nestes gigantescos locais, a carne a preço reduzido é produzida às custas do bem estar dos animais e da proteção do meio ambiente", disse a secretária de Meio Ambiente da Renânia-Palatinado, Ulrike Höfken, ressaltando que muitas vezes não é oferecido espaço suficiente para os animais, que vivem confinados.
Um levantamento mostrou que na Renânia do Norte-Vestfália mais de 96% dos frangos criados em granjas industriais já haviam recebido algum tipo de antibiótico. A Aliança para Meio Ambiente e Proteção à Natureza da Alemanha (Bund) organiza para este sábado, em Berlim, uma grande manifestação contra a criação industrial de animais.
Quem vai pagar a conta?Críticas a animais confinados e a excesso de antibióticos
Cada vez mais galinhas e perus são amontoados às centenas, de maneira que a transmissão de doenças entre eles é praticamente inevitável. Com isso, se um adoece, por regra todos os outros acabam recebendo antibióticos – e não apenas o animal doente.
Especialistas ressaltam que não se chega à agricultura sustentável a custo zero. A maioria dos consumidores alemães é extremamente exigente com relação a preços e têm optado cada vez mais por levar para casa produtos baratos. Para Gert Sonnleitner, presidente da Associação de Agricultores Alemães, enquanto isso não mudar, será difícil para o agricultor produzir de forma sustentável.
Os produtores poderiam seguir as bases da chamada Carta para Agricultura e Consumo, segundo Sonnleitner, mas para os criadores de animais ela traria um custo pesado. É preciso encontrar maneiras de contornar as dificuldades. "Nós também queremos continuar avançando no que diz respeito à proteção dos animais", ressalta o agricultor.
MSB/dw/dpa/rtr
Revisão: Francis França
Revisão: Francis França
Fonte: Deutsche Welle
Nenhum comentário:
Postar um comentário