Ser vegetariano está na moda, calcula-se que de 2% a 4% da população da Europa adote este tipo de alimentação e cada vez mais em cidades grandes, como São Paulo, os restaurantes vegetarianos fazem os mais diversos tipos de comida, desde as mais leves até as mais radicais. Nestes lugares, além de não ter alimentos de origem animal, come-se tudo cru. Os pais, no entanto, ficam preocupados, quando seus filhos decidem entrar nesta dieta, já que não sabem exatamente o que preparar para eles.
Um artigo do Jornal Europeu de Pediatria (dezembro de 2011) traz uma revisão sobre os riscos e benefícios do vegetarianismo, com especial ênfase na nutrição infantil vegetariana.
Este padrão alimentar com exclusão de carne vermelha e de peixe é adotada por um número crescente de pessoas. A dieta vegetariana tem sido associada ao menor risco de mortalidade por doença cardíaca isquêmica (inadequado balaço entre distribuição e consumo de oxigênio pelo músculo do coração e que pode causar infarte), menor chance de obesidade e maior longevidade.
O crescimento e o desenvolvimento entre as crianças com uma dieta vegetariana, que inclui a exclusão de produtos lácteos, mostram resultados semelhantes às pessoas que comem de tudo. Embora o vegetarianismo em adolescentes esteja associado a distúrbios alimentares, não há nenhuma prova causal que o transtorno alimentar preceda a retirada de carne da dieta.
Uma dieta lacto-ovo-vegetariana bem equilibrada, incluindo produtos lácteos, pode satisfazer todas as necessidades nutricionais da criança em crescimento. Em contrapartida, a dieta vegetariana, que exclui todas as fontes de alimento animal, deveria ser suplementada com a vitamina B 12, dando atenção especial para a ingestão adequada de cálcio e zinco para garantir uma refeições energeticamente adequadas e com alimentos que contenham bastante proteína de alta qualidade para os pequenos.
Como orientação aos pais que adotam dietas vegetarianas para seus filhos, aconselhamos alguns cuidados:
1- Acompanhe as medições de crescimento e desenvolvimento de seu filho;
2- Visite regularmente um pediatra para ver se há sinais de carências de elementos como vitamina B, ferro, cálcio etc;
3- Procure acompanhamento de uma nutricionista que conheça as dietas vegetarianas e não tenha preconceitos em relação a este tipo de alimentação;
4- Em fases de grande crescimento (primeiro ano de vida e início da puberdade) este acompanhamento deve ser feito mais frequentemente;
5- Lembre-se: Quanto mais restrita a dieta e mais nova a criança, maior o risco de deficiências.
Por Dr. José Luiz Setúbal
Fonte: EUROPEAN JOURNAL OF PEDIATRICS
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